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Estratégias para um acolhimento mais humanizado são destaque no Congresso TJCC

Diante do auditório lotado por cerca de 500 profissionais interessados em conhecer as melhores práticas para aprimorar a experiência do paciente a partir de um acolhimento mais humanizado, o painel comandado pela Arte Despertar e a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) foi um dos destaques do 5º Congresso Brasileiro Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), realizado entre os dias 26 e 27 de setembro na capital paulista.

Intermediado pela jornalista Inês de Castro, o evento teve início com o médico Dr. Marcelo Alvarenga, gerente de Experiência do Paciente do Hospital Sírio-Libanês, apontando que tem crescido nos hospitais a preocupação em implantar uma cultura capaz de estreitar as relações entre os colaboradores e os pacientes.

“Não tenho como trabalhar a experiência do paciente sem pensar no colaborador. Preciso desenvolver para cuidar, fazer com que o profissional se cuide e, assim, cuide do paciente”, frisou Alvarenga.

Em seguida, foi a vez da médica Dra. Maria Del Pilar, coordenadora do ambulatório de Oncologia do ICESP e médica assistente da Rede D’Or na área de Oncologia, advertir sobre os riscos de muitos hospitais privilegiarem apenas o avanço tecnológico, deixando as relações interpessoais em segundo plano.

“É sempre um desafio ter um atendimento humanizado, principalmente quando se tem um volume grande de pacientes e com recursos escassos. Daí a importância redobrada de fazer com que todos os envolvidos participem de um ambiente saudável de trabalho e valorizem o protagonismo das pessoas envolvidas”, argumentou Del Pilar.

Para o coordenador do Núcleo de Cuidados Integrativos do Hospital Sírio Libanês, Plínio Cutait, a Medicina Integrativa é uma estratégia fundamental para fortalecer o acolhimento.

“As práticas mente e corpo têm sido muito usadas nos hospitais. Nossa medicina está se abrindo para tudo isso pela demanda dos próprios pacientes. Eles querem e buscam essas práticas integrativas. Mas a equação mais importante de todas é associar ao tratamento da doença o cuidado com a pessoa na sua integralidade”, apontou Cutait.

Além disso, segundo Cutait, hoje já há mais pesquisas que mostram resultados sobre esse tipo de práticas. “A evidência é importante, mas nós precisamos humanizar as evidências”.

O poder transformador da arte

Logo em seguida, a superintendente da Arte Despertar, Rosana Junqueira Morales, ressaltou o importante papel da arte e da cultura como agentes essenciais nesse processo.

“A arte é capaz de ressignificar o momento vivido pelos pacientes. Enquanto a medicina é objetiva, a arte é subjetiva e tem o poder de levar as pessoas a outros lugares. Além de estimular a criatividade e a autoestima, favorece a liberdade e diálogo de expressão, contribuindo para a melhora do acolhimento e o relacionamento entre pacientes, acompanhantes e profissionais da saúde”, explicou Morales.

Sob o ponto de vista do acolhimento, ela apontou ainda que a arte potencializa esse processo à medida que estabelece uma comunicação mais efetiva e favorece as relações empáticas, além de fortalecer vínculos e conectar pacientes e profissionais.

A importância da arte também foi retratada pela enfermeira Melissa Pereira, que contou a sua experiência no Projeto Dodói, realizado há mais de uma década em parceria entre a Abrale e o Instituto Mauricio de Sousa. Por meio do Kit Dodói, formado por um boneco da Mônica ou Cebolinha, brinquedos médicos e materiais informativos, seu papel é facilitar o processo de expressão de sentimentos e de integração entre a criança com câncer hospitalizada e a equipe multidisciplinar. “Tudo isso contribui para um melhor diálogo, compreensão da doença e restabelecimento mais rápido e confortável”, disse a enfermeira.

Para encerrar o painel, a psicóloga Priscila Machado Beira falou sobre as peculiaridades do tratamento oncológico e relatou sua própria experiência como paciente, familiar e profissional na área.

“É um momento de muita fragilidade, em que nos sentimos diferente das outras pessoas. Parece que nada nos preenche, não nos sentimos pertencentes ao mundo real. É por isso que precisamos olhar com muita atenção para as práticas integrativas, pois elas são capazes de nos fazerem olhar para dentro de nós mesmos e aproveitar esse momento de se isolar para se conhecer melhor”, finalizou a psicóloga, que é pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein com extensão em Psico-oncologia pela Unicamp.

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